sexta-feira, 14 de junho de 2013

Por que ler os clássicos espíritas?

Há livros que são indispensáveis na formação de um leitor realmente interessado no conhecimento


Por que ler os clássicos, um clássico texto do escritor Ítalo Calvino (1923- 1985), propõe algumas definições do que seria um clássico da literatura. É um exercício interessante ler algumas delas, pensando naqueles que consideramos os clássicos espíritas – obras como a Codificação espírita; O problema do ser, do destino e da dor, de León Denis; Animismo e espiritismo, de Alexandre Aksakof; A evolução anímica, de Gabriel Dellane; Os animais têm alma?, de Ernesto Bozzano; livros de Emmanuel e André Luiz, psicografados por Chico Xavier.

A primeira dessas definições diz que “os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘estou relendo...’ e nunca ‘estou lendo...’, o que se aplica a leitores maduros, mas, também, pode ocultar o constrangimento de haver passado boa parte da vida sem conhecer aquela obra específica e de colocar seus olhos sobre ela pela primeira vez.

Fica subentendido, nessa consideração, que livros clássicos são espécies de “leituras obrigatórias”. Aqui também, respeitando o livre-arbítrio, poderíamos entender que os clássicos espíritas são leitura que se impõe a todos aqueles que desejem adquirir um conhecimento profundo e amplo do espiritismo e de suas origens.

Mas sempre é tempo de ler um clássico. Portanto, a segunda definição proposta por Calvino refere-se  àqueles livros “que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições de apreciá-
-los”. Parece, então, existir uma vantagem em ler um clássico mais tarde, com mais experiência, mais atenção a certos detalhes, maior concentração.

Uma recomendação oportuna do autor cubano é ir sempre direto aos originais, evitando as adaptações, interpretações, comentários, críticas, porque um livro que fala de outro livro já é uma obra em si, cunhada pela forma de pensar do seu autor, da importância que atribuiu a certos aspectos e da negligência com que abordou outros, que não lhe chamaram especial atenção. Com os clássicos espíritas, também, isso se aplica: resenhas, opiniões, comentários, têm sua utilidade, mas não podem substituir o contato direto com as ideias originais do escritor, expressas em suas próprias palavras. Isso se aplica a Bozzano, a Denis... e indubitavelmente, principalmente, a Allan Kardec.

Este texto foi publicado no jornal Leitura Espírita, Edição 13, Maio/Junho de 2013.