Há livros que são indispensáveis na formação de um leitor realmente interessado no conhecimento
Por que ler os clássicos, um clássico texto do escritor Ítalo Calvino (1923- 1985), propõe algumas definições do que seria um clássico da literatura. É um exercício interessante ler algumas delas, pensando naqueles que consideramos os clássicos espíritas – obras como a Codificação espírita; O problema do ser, do destino e da dor, de León Denis; Animismo e espiritismo, de Alexandre Aksakof; A evolução anímica, de Gabriel Dellane; Os animais têm alma?, de Ernesto Bozzano; livros de Emmanuel e André Luiz, psicografados por Chico Xavier.
A primeira dessas definições diz que “os clássicos são aqueles livros dos quais, em geral, se ouve dizer: ‘estou relendo...’ e nunca ‘estou lendo...’, o que se aplica a leitores maduros, mas, também, pode ocultar o constrangimento de haver passado boa parte da vida sem conhecer aquela obra específica e de colocar seus olhos sobre ela pela primeira vez.
Fica subentendido, nessa consideração, que livros clássicos são espécies de “leituras obrigatórias”. Aqui também, respeitando o livre-arbítrio, poderíamos entender que os clássicos espíritas são leitura que se impõe a todos aqueles que desejem adquirir um conhecimento profundo e amplo do espiritismo e de suas origens.
Mas sempre é tempo de ler um clássico. Portanto, a segunda definição proposta por Calvino refere-se àqueles livros “que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem se reserva a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições de apreciá-
-los”. Parece, então, existir uma vantagem em ler um clássico mais tarde, com mais experiência, mais atenção a certos detalhes, maior concentração.
Uma recomendação oportuna do autor cubano é ir sempre direto aos originais, evitando as adaptações, interpretações, comentários, críticas, porque um livro que fala de outro livro já é uma obra em si, cunhada pela forma de pensar do seu autor, da importância que atribuiu a certos aspectos e da negligência com que abordou outros, que não lhe chamaram especial atenção. Com os clássicos espíritas, também, isso se aplica: resenhas, opiniões, comentários, têm sua utilidade, mas não podem substituir o contato direto com as ideias originais do escritor, expressas em suas próprias palavras. Isso se aplica a Bozzano, a Denis... e indubitavelmente, principalmente, a Allan Kardec.
Este texto foi publicado no jornal Leitura Espírita, Edição 13, Maio/Junho de 2013.
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